Escadaria Nobre
De notável atmosfera barroca, a escadaria do palácio singulariza-se pelo revestimento azulejar datável de 1730-40 e associado ao mestre Bartolomeu Antunes, prolífero azulejador com obra espalhada pelo território continental, ilhas atlânticas e Brasil. Em perfeita integração com a arquitetura, os silhares simulam balaustradas decoradas com grinaldas de flores, perpetuando uma atmosfera festiva que tem o seu momento maior no primeiro patamar, com as chamadas “figuras de convite”. Típicas da azulejaria do reinado de D. João V, surgem-nos sob a forma de alabardeiros trajados “à romana”, numa encenação teatral ao gosto da época.
Um imponente espelho com moldura em talha dourada, trabalho inglês de meados do século XVIII (Chippendale) proveniente do Palácio Lázaro Leitão à Junqueira, traduz a penetração em Portugal daquela gramática decorativa que terá influência no nosso mobiliário. Também em talha dourada é o par de tocheiros de grandes dimensões, peças importantes na iluminação dos ambientes e de uso predominantemente religioso. Duas tapeçarias em lã e seda com decoração “de grotescos” são já trabalho provavelmente flamengo do séc. XVI ou XVII, e evocam o gosto nacional por este tipo de têxteis, levando frequentemente à sua importação.
No último patamar sobressai a porta de acesso ao Salão Nobre coroada pela pedra de armas dos Viscondes de Azurara e ladeada por dois potes em porcelana da China da dinastia Qing. Também de origem chinesa e destinada ao mercado europeu é a colcha em veludo bordado com elaborada decoração de enrolamentos vegetalistas, apresentando ao centro uma águia bicéfala coroada. Tipicamente nacional é o banco de átrio em nogueira entalhada e couro pespontado, trabalho de meados do século XVIII.