Alegoria a D. João VI

Máximo Paulino dos Reis (1781-1866), atrib.

Desenho à pena com aguada, c. 1821

Inv. 1438

Trata-se de um desenho preparatório para a reserva central do tecto da chamada sala Império do Palácio de Belém, atribuído a um dos “pintores de História” da escola da Ajuda, Máximo Paulino dos Reis, discípulo de José da Cunha Taborda, que estudou na Real Academia de Pintura de Roma entre 1802 e 1811. Concebido com alguma pretensão erudita, apresenta no verso uma legenda que ajuda a esclarecer o tema: na parte superior a deusa Minerva revelando “ao Mundo quem foi o causador de acabar com as desgraças que tanto o flagelavam”, ou seja D. João VI que surge retratado num medalhão coroado por querubins e iluminado pelo raio de Júpiter. Na parte inferior, à esquerda, duas virtudes – a Fidelidade segurando uma chave e a Piedade com a sua cornucópia deixando cair alimentos terrenos – enquanto à direita, seguindo o relato, se destaca “o Valor da Nação que subjuga o crime e triunfa dele”, numa alusão evidente às invasões napoleónicas. De inferior qualidade artística quando comparada com o desenho, a pintura final apresenta algumas diferenças de pormenor, tais como o posicionamento de certas figuras ou os atributos empunhados pelos meninos. Referências documentais indicam a execução pelo artista de pelo menos dois tectos naquele palácio entre 1821 e 1822, contribuindo assim para datar o desenho.

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