Escritório Indo-português
Estrutura em madeira de teca, faixeada e embutida a limoeiro do Ceilão, pau-santo da Índia, marfim natural e tingido e fio metálico incrustado. Puxadores de marfim nas gavetas. Ferragens de latão dourado.
Executado no norte da Índia, na região do Grão-Mogol, este escritório obedece a uma estrutura formal muito próxima do seu modelo de origem europeia, certamente levado nas naus portuguesas. Consta de uma caixa que abre pela frente, por meio de batente, transformando-se em plano de escrita. O interior abriga oito gavetas aparentes que na realidade são seis, destinadas a guardar material de escrita e documentos, mas também pequenos objetos preciosos como joias ou relíquias, servindo de cofre.
Dotados de grande curiosidade intelectual, os Grão-Mogóis conseguiram com a sua política cultural criar um espaço de tolerância e harmonização de diferentes culturas com especial evidência para a persa. Não será, portanto, de estranhar que a decoração deste escritório reinterprete o naturalismo da arte persa, com homens e animais distribuídos por densos fundos vegetalistas, enquadrados por barras de caules e flores de lótus. Para tal, utilizaram-se materiais e técnicas requintados: marchetados e embutidos de diferentes madeiras exóticas, metal e marfim, este último tingido por vezes de verde, emprestando às árvores grande realce. Testemunho do requinte dos ateliers mogóis é ainda o minucioso esgrafitado que acentua a expressividade das figuras e animais.