Trabalho indiano de encomenda portuguesa, século XVII (segunda metade)

Veludo azul-escuro com aplicação de cetim amarelo e branco. Armas dos Cunhas

Inv. 95

Guarda-porta indo-português de rara beleza, ostentando num medalhão circular as armas da família Cunha. De grande efeito decorativo, é o contraste das aplicações em cetim amarelo e branco sobre o veludo azul-escuro, com albarradas de flores, pássaros afrontados e enrolamentos diversos. Integrou seguramente um conjunto mais alargado, conhecendo-se a existência de pelo menos dois outros exemplares, um no Museu Nacional de Arte Antiga e outro numa colecção particular. Poderão tratar-se dos “reposteiros com as armas dos Cunhas” a que o 1.º conde de Povolide faz referência nas suas memórias, ao descrever o interior do seu palácio por ocasião do seu matrimónio, em 1697. Sabe-se ao certo que no início do século XX se encontravam no palácio dos marqueses de Olhão em Xabregas, sendo visíveis numa fotografia da época, cobrindo duas portas de um salão. Anos mais tarde, os mesmos panos ou outros dois idênticos davam entrada na colecção do visconde do Marco que os colocou no seu palácio da Junqueira, decorando as paredes de uma das salas. Terá sido na sequência das vendas do recheio desse palácio que o presente espécime entrou na posse de Ricardo do Espírito Santo Silva.