Salva “ponta de diamante”
Porto, século XV (segunda metade). Pé e orla acrescentados no séc. XVIII (primeira metade)
Prata dourada, fundida, cinzelada e gravada.
Inv. 75
Entre os exemplares mais antigos de ourivesaria civil portuguesa conservados no museu, avultam esta salva e uma outra muito semelhante, ambas do século XV, de fabrico portuense, com decoração de “pontas de diamante”. O virtuosismo técnico e o dinamismo da decoração, inspirado na característica forma de lapidação utilizada na época, atestam a elevada qualidade da nossa ourivesaria tardo-gótica.
A composição organiza-se em duas faixas concêntricas: a exterior mais larga e a interior elevando-se em cúpula em torno de um medalhão central, com as armas dos Costas, Castros, Barretos e Britos, gravadas posteriormente. Tal como o brasão de armas, a orla exterior da salva e o pé alto foram acrescentados na primeira metade do século XVIII, numa curiosa apropriação deste tipo de peças que eram já então tidas em grande apreço. Esta prática teve aliás grande sucesso naquele período, sendo conhecidos outros exemplares nas coleções nacionais com acrescentos semelhantes, sobretudo quinhentistas e com decoração historiada. O cariz vetusto das peças encorajava a este tipo de adaptação que, aos olhos da época, não passava de uma valorização das mesmas. No exemplar em apreço, é de assinalar o cuidado do ourives em obter uma certa uniformização, reproduzindo no pé o mesmo motivo de “pontas de diamante” existente na salva.