Portugal, século XVIII (início)

Terracota e madeira policromada, vidro

Inv. 90

Executada em terracota ricamente estofada, esta representação da Sagrada Família tem como provável fonte de inspiração os Evangelhos Apócrifos onde são relatados diversos episódios idealizados da infância de Cristo. Valorizada pela aplicação de algumas pérolas miúdas (aljôfares), a Virgem ocupa o centro da composição e está representada sentada a bordar sobre uma almofada, encontrando-se ladeada por duas crianças (Menino Jesus e São João Baptista) e por um anjo. Em segundo plano, surge a figura de São José a trabalhar na sua banca de carpinteiro.

O grupo encontra-se protegido por uma maquineta de fixação parietal decorada exteriormente com motivos vegetalistas dourados sob fundo encarnado. Verdadeiramente singular, o interior reproduz um ambiente decorativo de feição nobiliárquica setecentista, com silhares de azulejos e cinco pequenas molduras relevadas e douradas, contendo rosas pintadas sobre vidro. O piso mimetiza o tradicional enxaquetado em mármore branco e negro, enquanto o teto surge decorado com volutas e enrolamentos fitomórficos pontuados igualmente por rosas. A utilização desta flor remete para a figura da Virgem, a rosa sem espinhos, numa alusão à sua virgindade.